Os editores deste blog
pertencem ao Grupo de Reflexões Socialistas, fundado em 2003 por José Raymundo
da Silva, Robespierre Martins Teixeira e Sérgio Augusto de Moraes. Depois ele
foi enriquecido com as contribuições de Lincoln Penna, Frederico Pessoa da Silva,
Ricardo Pessoa da Silva, Ana Célia Pessoa da Silva, Airton Queiroz, Joana Massena Pessoa da Silva,
Agliberto Pessoa da Silva, Zelda Maria de Mello Torres, Alfredo Maciel da
Silveira, Raimundo Santos e outros companheiros.
Os integrantes deste
Grupo pertencem ou não a diferentes organizações partidárias brasileiras, são
de diferentes profissões e buscam orientar-se pela teoria de Carlos Marx e
Frederico Engels, revolucionários alemães que viveram no século XIX, e de seus
seguidores, V. Lenin, A. Gramsci e outros para:
a) Identificar e tentar
entender os problemas e questões do capitalismo, especialmente em sua atual
fase de globalização, buscando vislumbrar as alternativas para ultrapassá-lo
com vistas a uma sociedade socialista e democrática.
b) Discutir os problemas brasileiros com vistas ao alargamento e aprofundamento de nossa democracia.
c) Contribuir na investigação das causas que levaram à derrota do socialismo real no Leste Europeu e na avaliação das suas experiências e êxitos, particularmente na ex- União Soviética e nos outros países socialistas.
b) Discutir os problemas brasileiros com vistas ao alargamento e aprofundamento de nossa democracia.
c) Contribuir na investigação das causas que levaram à derrota do socialismo real no Leste Europeu e na avaliação das suas experiências e êxitos, particularmente na ex- União Soviética e nos outros países socialistas.
Os editores - Sergio
Augusto de Moraes, Alfredo Maciel da Silveira - e demais colaboradores
pertencentes àquele coletivo, buscam aqui divulgar temas e questões nele
discutidas, que podem ou não representar a opinião de todos os seus
integrantes, assim como assuntos de outras fontes que julguem de importância
para os objetivos acima alinhados.
LEMBRANÇA DOS QUE SE FORAM
LEMBRANÇA DOS QUE SE FORAM
José Raymundo da Silva (30/12/1924 ~ 30/09/2011)
Bancário aposentado do
Banco do Brasil, nasceu em Bonito, PE. Ingressou no Partido Comunista
Brasileiro (PCB) em 1950. Nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado
participou ativamente do movimento social e político em Pernambuco, que lhe
valeram punições no Banco, prisões e hospitalização por espancamento policial.
Foi suplente de deputado estadual, tendo exercido o mandato por breves
períodos. Militante e dirigente sindical bancário, fundou e foi o primeiro
presidente da Federação dos Bancários do Norte e Nordeste. Com sindicalistas de
todo o País fundou a Confederação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (CONTEC)
em 1958. Ainda em 58 participou da Frente do Recife, que possibilitou a vitória
de Cid Sampaio e Miguel Arraes para o governo de Pernambuco. Em 1961 foi preso
por ordem de militares golpistas que tentavam evitar a posse de João Goulart.
Teve os direitos políticos cassados, foi demitido pelo Banco do Brasil
(posteriormente reintegrado pela Lei da Anistia em 1979) e condenado a 19 anos
de prisão pelo golpe de 1964, tendo que passar para a clandestinidade. Membro
da Executiva do Comitê Estadual do PCB na Guanabara foi preso em outubro de
1970 pelo DOI-CODI/RJ, sendo submetido, novamente, a bárbaras torturas. Ficou
preso no presídio militar da Ilha das Flores (RJ) até 1973. De volta à legalidade,
dedicou-se à reorganização do PCB, sendo eleito para a sua direção nos anos
1980. Foi membro do Secretariado Nacional do Partido.
Robespierre Martins Teixeira (1933~2010)
Foi professor da rede
pública e privada. Formado em Física e Matemática pela Universidade do Distrito
Federal, foi presidente do Diretório Acadêmico na década de 50, tendo
participado ativamente na luta contra o aumento dos bondes em 1956.
Sindicalista e militante comunista foi membro do PCB até o início da década de
90.
Militante do Sindicato
dos Professores do Município do Rio de Janeiro (SINPRO) foi cassado, em abril
de 1964, pelo AI-1. Demitido da rede estadual, permaneceu como professor da
rede particular e do Colégio Pedro II.
Em 1979 foi anistiado e
reassumiu o cargo de professor da rede estadual, recusando a indenização, a que
teria direito, pelo tempo de cassação.
Defensor intransigente
da Escola Pública e dos interesses da categoria, foi presidente do SINPRO de
1984 a 1987 e o primeiro presidente da entidade indicado para o Conselho
Estadual de Educação.
Durante toda vida
manteve sua militância em defesa da educação pública, da democracia e da
construção de uma sociedade mais justa.
“Por vezes, meu pai pediu para transcrever seus escritos, pois, com a degeneração macular irreversível, já não possuía a felicidade da visão. Eram momentos de forte emoção em cada transcrição, diante da imensa vontade que meu pai possuía de dialogar com o mundo, com as pessoas e com os significados, às vezes mágicos, que atribuía ao que podemos chamar de dádiva que é a vida.
Wilson Rangel Guerrieiro (08/10/1938) ~ (03/11/2018)
Nascido em 08/10/1938, filho de Gerardino Guerrieiro e de Maria Amélia Moreira
Rangel, foi um lutador pela liberdade e pela justiça social. Formou-se em
Teologia na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista do Brasil (SP), Mestre em
Estudos do Desenvolvimento pelo IUED (Genebra, Suíça) e em Estudos Avançados em
Ciências da Educação pela Universidade de Genebra, Suíça. Foi pastor em várias
igrejas do Rio de Janeiro e recebeu o título de Cidadão Duquecaxiense em 1981. Morreu
em 03/11/2018 e lutou, até os últimos dias de vida, pelo
nosso povo.
Abaixo o depoimento de sua filha Lídice:
Abaixo o depoimento de sua filha Lídice:
“Por vezes, meu pai pediu para transcrever seus escritos, pois, com a degeneração macular irreversível, já não possuía a felicidade da visão. Eram momentos de forte emoção em cada transcrição, diante da imensa vontade que meu pai possuía de dialogar com o mundo, com as pessoas e com os significados, às vezes mágicos, que atribuía ao que podemos chamar de dádiva que é a vida.
A memória dessa emoção, percebo hoje, ao escrever este
texto, sempre esteve comigo ao longo da minha vida. De pai afetuoso e
carinhoso, pois considerava quatro filhos pouco, ainda que num país tão
desigual, a pastor e militante. Tudo ao mesmo tempo. Sua perspectiva da
totalidade na análise da sociedade fez de suas palavras preciosos momentos
entremeados de ternura, de crítica e de lucidez para entender as mudanças pelas
quais as relações sociais passam.
Momentos de diversão e risadas foram muitos. Ao comentar
o que eu havia ensinado a ele sobre dominação simbólica e machismo, assim que
entendia e reconhecia esta prática nas suas próprias atitudes, corria para
entrar no ônibus na minha frente, dizendo: “Bourdieu falou que é dominação
simbólica dar sempre a vez para a mulher”.
Para além desse momentos lúdicos, minha memória me remete
a lugares de dedicação de meu pai, e de minha mãe, à educação popular. Desde
pequena frequentava o Instituto Central do Povo (Gamboa-RJ) e centros
comunitários. Sou profundamente atravessada por sua formação intelectual, ética
e emocional, herdada de minha avó, Maria Amélia Moreira Rangel. Hoje, como
docente da educação básica, percebo esses atravessamentos frutos de histórias
que sempre ouvi sobre os sentidos da militância, do estudo e das escolhas que
fazemos em nome da ética e das lutas populares. Minha avó, militante e presa
política, quando interrogada se era marxista, respondeu: “É preciso estudar
muito para ser marxista. Não possuo tanta cultura”.
Seu espírito
agregador nos levou a amigos e amigas suas ao longo da vida. Estes também foram
responsáveis pelo meu processo de educação em que eu e minha irmã, pequenas e
morando com meus pais na Suíça, aprendemos com os amigos Sérgio e Zelda a
famosa frase, que sempre uso: “Vamos dividir”. Seus companheiros e companheiras
de vida demonstraram em suas festas o quanto era querido e divertido estar ao
seu lado.
Aprendi com meu pai dirigindo,
o quanto o outro e o sentido do coletivo eram importantes. Quando dirigia,
dizia: “Dê sempre preferência aos ônibus e aos coletivos, pois neles está a
maioria”. Sua criticidade, muitas vezes permeada por ironias, nos ensinou a
maravilhosa combinação de amor às pessoas e luta por justiça social sem
abrirmos mão da ternura e da afetuosidade.
Acreditar e viver intensamente
a vida, com certo desapego, e apostar no ser humano, acho que foram uns dos
sentidos que ele atribuiu a sua passagem entre nós.
Lídice de Barros Guerrieiro”
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